Para alcançar objetivos profissionais, ex-alunos aceitam até ganhar menos no começo de carreira para depois conquistar melhores postos nas empresas
O nome de uma instituição tradicional no currículo pode até ajudar, mas, na prática, as vagas para jovens profissionais ficam nas mãos de quem demonstra mais habilidade para o cargo e, principalmente, de quem possui experiência na área. E o mercado está repleto de exemplos desse tipo.
Foi o conhecimento da área de trabalho, obtido em um emprego anterior, que proporcionou uma vaga de estágio a Karina Souza, 27 anos, graduada em comércio exterior pela Uninove e atual funcionária da multinacional do setor químico Basf. "Estava muito difícil encontrar alguém com experiência. Já tinham feito seleção, dinâmica, e ninguém se enquadrou. Como eu tinha meu currículo cadastrado e esse conhecimento, fui chamada para a entrevista e fiquei com a vaga. Antes, na primeira fase, eu não entrei", lembra.
Karina ingressou na empresa em 2004, antes de se formar, e desde então foi promovida duas vezes em seleções internas. A gerente de importação da Basf, Érika Pinheiro, 37 anos, também se formou em comércio exterior pela Uninove, mas em uma das primeiras turmas, no final da década de 1990. Antes de entrar na Basf, já trabalhava na indústria química e direcionou sua carreira para chegar à empresa, investindo em especializações e abrindo mão de um cargo maior no emprego anterior. "Dei um passo atrás para poder dar dois para a frente", diz. Na entrevista de emprego, ela conta que não foi questionada a respeito da instituição em que se formou. "Não houve preconceito algum com o nome no diploma. A entrevista foi sobre questões técnicas e voltada às competências em gestão de pessoas e comunicação", diz.
Assim como a trajetória de Érika na empresa não se deveu apenas à graduação, os processos seletivos sobre os quais ela é responsável também não dão importância ao nome da universidade. "Considero a bagagem do candidato e a capacidade de dar resposta às demandas. Muitos recém-formados trazem apenas a teoria, têm dificuldade de se adaptar ao mundo corporativo", relata.Há nove anos trabalhando na HP, uma das líderes mundiais em equipamentos de informática, o analista de sistemas Fábio Nunes da Silva, 26 anos, afirma que a política da empresa é não filtrar candidatos de acordo com a origem do diploma. Ele fala com a propriedade de ter entrado na empresa como estagiário na área de RH, passado por seleções internas e de atuar nesse setor até hoje, como analista de cargos e salários. "A empresa está aberta para candidatos de todas as universidades. Alguns gerentes até pensam em preferir alguma instituição, mas nós [do RH] conversamos, mostramos que é preciso dar oportunidades", afirma.
Graduado pela Unip, Fábio conta que desde que ingressou na empresa, ainda no primeiro ano da graduação, nunca foi questionado a respeito de sua formação. Para ele, o fato de cursar análise de sistemas, algo incomum para quem deseja trabalhar com gestão de pessoas, causou mais estranhamento, mas mesmo assim foi de grande utilidade. "No fim, isso foi um ponto positivo, porque nessa área é difícil encontrar quem se dá bem com tecnologia", diz. É justamente essa capacidade de fazer algo além do que a graduação oferece que chama a atenção dos contratantes.
"Muitas vezes falta ao candidato o inglês ou outra habilidade para a vaga, mas hoje em dia é preciso se esforçar sempre, fazer cursos extras, e isso não depende da faculdade", conclui o analista, que continua em busca de melhorar seu currículo e crescer na empresa. (G.J.)